Wednesday, November 08, 2006

As funções psíquicas (parte I)

Consciência

Capacidade neurológica de captar o ambiente e de se orientar de forma adequada. Estar consciente é estar lúcido, com o sensório claro. A consciência é avaliada pelas funções da atenção e orientação.
As anormalidades da consciência podem ser divididas em três grupos:
Estreitamento: consiste na redução quantitativa e qualitativa da consciência; há um conteúdo menor e uma seleção sistemática dos temas.
Entorpecimento: caracterizado pela diminuição ou perda da lucidez e da vigília. Os estímulos externos só são apreendidos com esforço da atenção, a qual dificilmente se forma e se mantém. O coma é o estado de maior gravidade de entorpecimento.
Obnubilação: além do rebaixamento do nível da consciência que ocorre no entorpecimento, há a presença de um conteúdo anormal.

Atenção: Capacidade de se concentrar em determinado objeto ou situação. Pode ser passiva ou espontânea (vigilância) ou ativa e determinada pela vontade ou afeto (tenacidade).
A vigilância é determinada pelas mudanças e oscilações do exterior e depende da intensidade do estímulo, das variações e repetições e do nível de consciência do indivíduo.
Há hipervigilância em casos de exaltação do afeto, com concomitante hipotenacidade. A atenção espontânea torna-se extremamente excitável e inconstante.

Orientação: A orientação requer atividades mentais como as tendências instintivas, a memória, a atenção e a inteligência. Tudo que impede a apreensão de dados objetivos e sua incorporação à experiência é causa de desorientação.
O espaço e o tempo estão sempre presentes na atividade psíquica lúcida. A desorientação alopsíquica é relativa ao espaço e ao tempo. A desorientação cronopsíquica é apenas relativa ao tempo. A desorientação relativa ao próprio eu é a desorientação autopsíquica.
A desorientação cronopsíquica é o desconhecimento da data (dia, mês e ano). Ocorre quando há déficit de interesse pela realidade, na memória, na atenção, na capacidade intelectual ou alteração de consciência. Apenas nos casos mais graves surge desorientação autopsíquica.
Um fator que pode resultar em alteração na orientação temporal é a sensação de experiência do tempo vivido. Uma pessoa com depressão tem a sensação de que o tempo evolui muito lentamente, e outro com mania pode ter a sensação de aceleração do tempo.
A dupla orientação é a experiência de vivenciar simultaneamente dois mundos, o real e o psicótico. Nestes casos pesar da vivência psicótica, consegue agir até certo ponto, dentro da realidade.




3 Comments:

Blogger Oliveira Sampaio said...

Olá Vivi! Adorei seu blog! Acompanhá-lo-ei sempre, pois esse assunto muito me interessa.
Tive dificuldade para entender a "Obnubilação"... o que é esse "conteúdo anormal"?
Beijos.
Ps.: Fiquei impressionado com a abrangência da desorientação... Tudo isso faz parte do escopo de estudo/trabalho da terapia ocupacional? Se sim, nutrirei mais admiração pela área do que antes, pois cuida, a meu ver, do maior dos problemas humanos.

21/11/06 7:00 AM  
Blogger Viviane Arruda said...

Oi Marcelo!
Que bom que você gostou do blog! A intenção é que este espaço se torne um "guia" para um estudo aprofundado e que os leitores estudem e participem de sua construção.
Bom, a obnubilação da consciência ocorre quando se tem um rebaixamento da clareza sensorial, ou seja, os sons e os objetos se confundem formando-se o que se chama de ilusão. Isso acontece, por exemplo, quando se está sonolento ao acabar de acordar. Você pode olhar para uma cadeira com um casaco pendurado e ver um homem, mas ao achar estranho, volta sua atenção (agora com o sensório organizado) para aquela imagem e percebe que aquilo, na verdade, é apenas uma cadeira e um casaco.
No caso de uma doença mental, o sensório está desorganizado com freqüência, fazendo com que o indivíduo tenha aquela ilusão como permanente, o que fará com que ele pense que existe realmente um homem em seu quarto.
Quanto a Terapia ocupacional em ralação à saúde mental, eu ainda estou aprofundando os estudos sobre sua intervenção, pois o que observo do trabalho que tem sido feito é que não se tem muita explicação sobre os porquês da aplicação de algumas técnicas, como por exemplo a das artes, que é a mais utilizada. Sabe-se que as atividades relacionadas à arte em geral faz com que a pessoa que tem doença mental tenha uma qualidade de vida melhor. Mas em que sentido de qualidade de vida estamos falando? Seria essa a solução para o tratamento da saúde mental?
Este é um estudo muito longo e que necessita de muita dedicação, mas me parece que os T.Os que trabalham nesse campo não estão muito interessados em saber se ocorre a melhora da doença de fato, só pensam no quanto pode ser legal para um esquizofrênico pintar seus delírios em uma tela, contanto que ele goste, pois isso se torna significativo para ele. Tal reflexão nos remete ao post sobre o dia em que vi a apresentação de Ballet... O que deve ser significativo para o Homem?
Obrigada por comentar!
Até mais!

21/11/06 10:19 AM  
Anonymous Anonymous said...

Olá Vivi,

Após ler seu blog, em "As funções psíquicas (parte 1)" verifiquei que é comentado sobre "sensação do tempo vivido" (desaceleração-depressão e aceleração-mania).

Hoje tenho 40 anos de idade, e durante a minha adolecenscia até os momentos atuais tenho eventualmente a sensação de aceleramento. Percebi agora que meu filho de 13 anos está se queixando das mesmas sensações.

Tendo em vista que você cita essa sensação de aceleramento relacionada a mania, me surgiu uma duvida que qual mania ambos compartilhamos, para termos essas mesmas sensações.

Gostaria de sua opinião, Desde já muito obrigado.

1/9/07 4:17 PM  

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